03 aventuras radicais que enfrentei!
Texto originalmente escrito em 23/05/2020
Oii queridos! Espero que todos estejam bem e em casa!
Enquanto passamos por essa fase dolorosa e necessária, onde parece que pouco acontece e as coisas não saem muito do lugar, me peguei pensando nas experiências que passei na vida que me fizeram vibrar, me tiraram do chão literalmente. Momentos em que senti meu coração pulsando, literalmente saindo pela boca.
Acho válido te adiantar que eu não sou uma pessoa fã de grandes emoções, tipo, detesto parque de diversões e tudo que envolve altura, velocidade, loopings ou tomar sustos. Sempre falo para os meus amigos, passeio de grego pra mim é passar o dia no Hopi Hari, e sonhar com a Disney, seria apenas para tirar foto com o Mickey rs
Dizendo isso, no post de hoje venho contar sobre 03 experiências memoráveis que passei na vida, voando de asa delta e balão e saltando de para quedas. Irônico não? rs
Pra você que tem vontade mas ainda rola um certo receio, não deixe de conferir os relatos abaixo.
O dia em que voei de Asa Delta
Digamos que esse era um sonho antigo. Eu sempre fui louca pelo Rio de Janeiro, que demorei mais do que imaginava para conhecer, em 2012, quando voltei de Dublin. E ir ao Rio de Janeiro e vislumbrar aquelas vistas incríveis do Bondinho ou do Cristo só me deram mais gás para realizar o meu sonho. Eu estava decidida a voar de Asa Delta e teria que ser no Rio de Janeiro, onde mais?
Eis que em uma outra viagem ao Rio para o Ano Novo, onde fiquei hospedada na casa de uma amiga, decidi que seria a chance de voar. Eu só queria conhecer a pista com antecedência para ver onde é que eu estava me metendo. Tadinha da minha amiga, virou cúmplice da minha loucura e ainda a fiz dirigir até a base de onde a galera voava. Ela, que mal tinha tirado carta de motorista, subindo o morro da Pedra Bonita para realizar meu desejo. Obrigada por essa Line, você foi demais!
Vislumbrei o local em um pôr do sol, sentadinha na base, bem longe do penhasco, pensando se eu teria mesmo coragem. A Camilla, outra amiga que estava comigo, não acreditava que eu teria coragem de pular se mal tinha coragem de ficar de pé lá em cima rsrsrs. Eis que no dia seguinte, depois de falar com váaaarios instrutores eu decidi que aquele era um dia lindo para me jogar da Pedra Bonita, em São Conrado.
Cheguei no local combinado, o instrutor me encontrou no Clube de Vôo Livre de São Conrado e no último minuto decidiu que eu não voaria mais com ele e sim com um outro instrutor, pois um casal de gringos estava querendo saltar também (vou te poupar quanto as minhas considerações quanto a isso). Obviamente que eu já fiquei mais ansiosa. Assinamos a papelada onde eu dizia que estava de acordo que poderia não chegar lá embaixo viva (essa parte é a pior de todas e passei por ela outras vezes na vida) e minha amiga Camilla, ficou lá embaixo esperando pra me ver chegar.
Subi no carro do instrutor até a Pedra e começamos a nos preparar. Eu já sabia de cor e salteado o treinamento de corrida que fazíamos antes de encarar a rampa, porque sou dessas. Assisti 999 vídeos no youtube antes de ir. Treinamos nossa corridinha, colocamos os equipamentos de proteção, e lembro até hoje dele falando a importância de correr direitinho, que impactaria diretamente no nosso voo. É muito importante que você não corra mais ou menos do que o instrutor e sim juntos, porque se você correr mais pode virar a asa delta e se correr menos, será arrastada. Então eu fixei o mantra na minha cabeça: “Corre, corre, corre!” e na hora que vi aquela amplitude na minha frente, eu corri do jeito que tinha que ser e foi!
A sensação é incrível, é como se você estivesse lá, mas não estivesse. Tá, ficou confuso. Sabe quando você esta fazendo alguma coisa mas não cai a ficha que é você lá? Voando, enxergando a comunidade da Rocinha ao longe, a areia da praia e pontinhos distantes láaaa embaixo. O voo foi muito tranquilo, MESMO, deve ter durado uns 10 minutos no máximo. O problema foi na hora de pousar.
Como expliquei anteriormente, eles te treinam para correr na rampa; a hora de pousar você basicamente precisa estender as pernas e ficar quieta que o instrutor irá pousar sozinho. Eu ainda questionei se não tinha nada que eu tivesse que fazer e ele me disse que não. Eis que quando você já está voando bem mais baixo, ele solta um dos cintos que prende seu joelho ao equipamento, e você deixa de voar deitada e começa a voar em pé. No momento de pousarmos na faixa de areia, até hoje não sei bem o que rolou, só sei que fomos atingidos por um vento lateral não esperado, que nos jogou lateralmente para os banhistas. O instrutor ainda tentou segurar, mas não deu e nós fomos parar a centímetros de uma barraca de coco, batendo no chão.
– Meu deus que horror, Natália!
Não foi a sensação mais legal mesmo, mas as coisas aconteceram tão rápido que quando eu vi, meu dedo tava sangrando, eu tava com a cara na areia e a asa delta em cima de nós. A Camilla minha amiga, que tava ali de boa assistindo, viu a gente caindo e o povo ao lado comentando que tinha dado merda, uma vez que não nos mexíamos, imagina!
Enquanto isso, eu vi o moço do megafone que fica coordenando as descidas e o moço do coco tentando nos ajudar. Eu só queria tirar aquele capacete e sair dali. No fim graças a deus ninguém se machucou muito feio, só tirei uma lasca do meu dedo indicador quando o triangulo da asa delta quebrou e veio nele, nada grave, nada fundo. Só ficou a cicatriz de lembrança.
O pior foi retornar a sede do Clube de Voo Livre e eles não terem um band-aid, um mertiolate para fornecer. Acabou que eu fui de carona com o instrutor até o shopping mais próximo e eu mesma cuidei do meu machucado. Te traumatizei amiguinho?
Calma, porque mesmo com a batida no final, mesmo com todo o meu medo, a experiência foi maravilhosa, e eu não me arrependo nem um segundo de ter ido. E eu não parei por aí, na sequencia te conto como foi saltar do avião (!!!)
Voo livre de para quedas duplo
Eu juro que estava quieta no meu canto, em uma terça feira qualquer, quando um amigo de um amigo, que eu havia conhecido pelo Facebook, me mandou uma mensagem, dizendo que no dia seguinte iria saltar de para quedas, se eu não queria acompanhá-lo. Eu, que não estava fazendo nada de bom, topei, mas disse que não saltaria, iria só acompanhar mesmo.
Queeeem disse que a pessoa dormiu aquela noite? Novamente assisti 999 vídeos de como era saltar, contatei vários conhecidos com a pergunta – Eu sei que é surreal, mas no fim vale a pena? – e todos me passaram a experiência de que no final, bem lá no final, era sensacional rs.
Dia seguinte, chegamos em Boituva logo pela manhã. Existem várias empresas especializadas, uma ao lado da outra, mas optamos pela Fly Paraquedismo. Optamos não né, até então era a escolha do meu amigo, eu tava lá quieta, na minha. Claro que todo mundo, da recepcionista a tia do café passava por mim e me perguntava se eu ia saltar, e eu repetia que não. Eis que eu contei para um dos instrutores da minha experiência com a asa delta, que estava satisfeita, e ele me disse que era completamente diferente, que não dava para comparar. Quando dei por mim, lá estava eu assinando aquele papel de novo me comprometendo pela minha própria vidinha. Obviamente não contei para os meus pais – pois não queria que eles enfartassem – e deixei meu irmão como cúmplice da vez!
Passamos a manhã lá trocando ideia com o pessoal, comemos alguma coisa que já não lembro o que (é importante você não pular de estômago vazio), tomei uma cerveja – porque sou filha de Deus – e esperei nossa hora.
Quando me perguntavam qual era meu maior medo em todo o processo, eu falava que era o momento de abrir a porta do avião e falarem para eu me jogar. O aviãozinho teco teco que te leva lá pra cima, o voar em si, não me dava tanto medo como aquela porta abrindo.
Subimos eu e meu amigo com os respectivos instrutores e mais três paraquedistas que saltariam sozinhos. Eis que quando me dei conta a tal da porta já tinha sido aberta e eu nem vi, e os que estavam saltando sozinhos já prontos para sair. Eu, a única mulher, fui deixada por último. Foi tudo suuuper rápido.
Quando chegou a minha vez, já tinha combinado com meu instrutor pra que ele me desse um sinal da hora que cairíamos, pois eu não queria ir sem saber o exato momento (virginiana louca, me deixa). Ele então me disse que colocaria minha cabeça apoiada no ombro dele e esse seria o sinal. No momento que ele fez isso, me perguntou se eu queria olhar pra baixo e tudo que eu lembro foi de vislumbrar aquelas nuvens todas e meu corpo gritar pra gente ir, soltei um grito de VAAAI do fundo da alma e saltamos.
Essa sensação eu nunca vou esquecer na vida. É uma rajada de vento tão forte na sua cara que não tem como senão estar desperto, você mal consegue respirar de tanto vento, seu lábio seca e gruda na sua cara e você só cai de braços abertos naquele vácuo. Ao mesmo tempo a sensação é que você não está caindo, é muito doido de explicar.
No momento que ele abre o para quedas dá um solavanco e você tem a sensação que sobe tudo de novo. De novo estava eu, admirando a paisagem de cima, vendo os carros e a rodovia bem pequena lá de cima. O pouso foi maravilhoso, acho que de tanto que eu o temia. Saí de lá me sentindo a pessoa mais viva, corajosa e foda do mundo e ainda deu tempo de comemorar passeando em Itu e tomando um açaí gigantesco super merecido.
Pensa que acabou? Respira aí que a próxima aventura foi beeeem mais calminha e relaxante.
Passeio surpresa de balão
Na mais recente experiência, dei de presente, de surpresa, um voo de balão para meu namorado e eu. O Aaron, pouco aventureiro, até saltar de avião sozinho ele já fez – sabe-se Deus quantas vezes, então tive que inovar com algo “mais básico” que ele nem eu tínhamos experimentado.
Ele sem entender nada, o fiz acordar as 04hs e pegamos a estrada rumo Boituva novamente, do ladinho da Fly, onde antes saltei do avião. O dia nem tinha nascido e nós já estávamos no ponto de encontro pegando uma van para o local onde o balão estava sendo preparado.
Corta para o dia que eu ganhei uma promoção da Boticário para subir e descer em um balão em frente ao Parque Ibirapuera. Pensa em uma pessoa empolgada, que programou para estar lá no momento do pôr do sol e o tempo virou. E eu cheguei lá, e na minha vez de entrar na cestinha uma das cordas que seguravam o balão soltou e quase que dá merda. Eu, agradecida por não estar lá dentro no momento, voltei pra casa sem poder passar pela experiência, que não seria reagendada =(
Volta pra Boituva, onde eu achei que teria todo um tempo para me acostumar com a ideia daquele balão gigantesco na minha frente, até finalmente entrar na cesta. Que nada! Sai da van correndo em direção ao balão, que já estava prontíssimo para sair. Não deu tempo nem de assimilar o que eu estava fazendo e já estava dentro do balão rsrsrs.
Normalmente as empresas voam com 12 pessoas na cesta + o piloto. Nós estávamos em sete e uma criança, o que foi ótimo para ficarmos mais à vontade na cesta, com mais espaço, e ruim para o baloeiro que não tinha peso suficiente para subir e manter o controle do balão. Acabou que ganhamos + um funcionário e três paraquedistas que iam saltar do balão no meio do caminho. HAHAHAHAHA. Tinha que ter uma adrenalina né.
Se você me perguntar qual a sensação de voar em um balão, te digo que é a coisa mais de boa que já fiz na vida. Nem parece que você está voando,
não balança, não dá frio na barriga, nadinha! Você fica ali contemplando a paisagem, que depende de onde o vento vai te levar. Nós demos sorte de sairmos da parte da rodovia e cairmos em uns campos lindos, na divisão entre as cidades próximas a Boituva. Mas antes disso passamos no alto da casa de uma galera, e pela altura, você enxerga tranquilo tudo que tem lá embaixo.
Em uma determinada altitude os três paraquedistas saltaram, o que foi muito legal de assistir, e o restante do passeio estávamos ao lado de outro balão da empresa, que fazia um voo particular, o que valeu a pena, porque tinha um outro balão sempre ao fundo nas nossas fotos =)
De novo o mais tenso é pousar, porque corre o risco da cesta virar no momento do pouso. Fomos avisados com antecedência para não sair do balão por nada até o piloto nos dar o comando e o balão parar totalmente. Mais dessa vez a sorte estava do meu lado, pousamos de boa, em uma fazenda do amigo da empresa de balão, não viramos, não doeu, nadinha. Foi lindo!
Terminamos o passeio brindando com um espumante antes do café da manhã, bem phynos e depois voltamos ao ponto de encontro para um café da manhã completo. Ainda deu tempo de ficar olhando para o céu e vendo os pontinhos descendo de para quedas e lembrar da doidera da última vez.
Ufa, é isso! Acho que no ar eu já aprontei bastante, quem sabe uns esportes náuticos da próxima vez? E se você tem vontade de fazer qualquer um dos três, eu te falaria pra ir sem medo. Sair da zona de conforto faz bem e o que vamos levar dessa vida são as experiências memoráveis que passamos, o resto é bobagem!
Beijos e se cuidem!
Saudades, cada dia maior!