03 Meses que parecem 03 anos!
Oi, estou de volta aqui. Preparados para o post mais difícil de todos?
86 dias de Brasil
01 mês e uma semana. Foi o tempo que Deus me deu pra passar 24hrs ao lado da minha mãe e eu sou eternamente grata por ter tido a chance de vive-los de perto, de vivenciar cada sorriso, cada experiência, cada presença que foram imprescindíveis no fim desta vida dela. Desde comer um japonês escondido do médico, assistir Mamma Mia e dançar no quarto ao som da música do Abba, a ligações pra ambulância e tardes de muito, mas muito medo mesmo.
Acredito que esse tipo de experiência fica marcada na alma, toda ela; as partes boas, as partes ruins e as partes que um dia serão ressignificadas. Hoje eu as lembro aos prantos e com muito amor no coração.
Minha mãe partiu em um dia cinza, nublado e chuvoso. Um dia 13, de um mês 07, 07 anos depois da minha avó, por quem ela ansiava tanto em ver. Ela foi em paz, amparada, cercada das pessoas que a amavam, segurando a minha mão. Sua despedida no dia seguinte foi alegre, com boas memórias e lotado de pessoas que fizeram parte da sua jornada e da nossa vida. Teve oração, teve muita luz e teve muita saudade. Do jeitinho que ela queria.
As duas semanas que se sucederam pós a sua partida foram no modo automático. Porque eu não pude me dar o luxo de viver aquele luto no meu tempo, eu precisava além de cuidar de mim, da minha família e de muita burocracia, voltar pra casa. Casa essa que hoje eu chamo de Inglaterra, onde moro com meu marido.
Então, junto com minha família, juntamos nossa força e colocamos a mão na massa; mexi nos guarda roupas, nas memórias, na vida dela como um todo. Não foi fácil não, e se eu não tivesse uma rede de apoio nesse momento eu não teria conseguido.
Por isso eu friso de novo o poder que uma amizade tem. É como se eu olhasse pra trás e entendesse que tudo que vivi até aqui, a base que construí e os amigos que cultivei, tivessem esse propósito maior de estarem presentes naqueles dias. Se eu já estava no ombro e no colo deles a distância, quando cheguei fui levada por uma corrente do bem.
Ela surgiu de todas as formas. Tinha os amigos que só queriam me fazer feliz, os que ouviam tudo com a maior paciência, os que cuidaram da burocracia que eu não tinha forças para entender, os que mandavam mensagens só pra checar como eu estava; os que me convidaram pra fazer coisas pela primeira vez – até de moto eu andei – e a que arrumou minha mala pra eu conseguir seguir adiante. EU AMO VOCÊS do fundo do meu coração.
E também quero enaltecer o acolhimento que minha religião me trouxe. As pessoas do centro estavam lá o tempo todo, no antes para me dar forças para viver o que eu tinha que viver, o durante quando ela partiu e o depois para celebra-la, ajuda-la no processo de encontrar a luz e emanar as melhores energias. Agradeço a minha psicóloga por toda a escuta e direcionamento. Por vocês eu também sou muito grata. Não imagino como seria passar por isso sozinha.
Primeira parada – Maceió
Dia dos Pais e aniversário do meu pai. Decidimos pegar um avião e ser acolhidos no Nordeste pela nossa família. Foi muito bom e necessário. Vivemos dias lindos, de muito sol, areia e cerveja gelada. Porque eu sou do time que acredita que água salgada cura e fui pra lá começar o meu processo de cura.
Vou dividir algumas fotos bonitas. Ficamos hospedados na praia do Francês, teve passeio de barco, banho de mar a luz da lua cheia e fotos instagramáveis em um caiaque transparente.
Seguindo amparada, meu marido chegou em Maceió, bem a tempo de comemorarmos seu aniversário e passamos uma semana em São Miguel dos Milagres, destino novo pra lista.
Eu não conseguirei ser fiel a indicação do que fazer lá, porque nosso Airbnb era tão bom, mas tão bom, que pulamos todos os passeios e ficamos “em casa” por uma semana. Fazendo massagem, curtindo a piscina, fazendo churrasco na sacada e descansando a cabeça para a próxima etapa que estava por vir. Deu tempo de conhecer a Praia do Patacho e uma área de Mangue, além de andar pela vila. Aconselho evitar o túnel verde e a fonte milagrosa, achamos super sem graça.
Segunda parada – Inglaterra
Não vou mentir. Atravessar o oceano com uma pessoa importante do meu lado, foi essencial. Até porque não esqueceremos que voar essa época não estava das mais confortáveis. Um avião tinha recém caído em São Paulo, o céu estava cinza devido as queimadas ilegais, e a torre de comando estava com problemas no gps (!).
Resumo: Voo cancelado, tentamos novamente no dia seguinte e o voo SP – Guarulhos – Londres, que me permitiria almoçar com minha família, atrasou e eu perdi essa oportunidade preciosa de ver minha família mais uma vez, antes de seguir para Europa.
Cheguei em Allhallows há três semanas. A paz desse lugar me força a viver uma outra parte do meu luto que é parar. Não ter uma rotina, mil coisas planejadas. Só viver, um dia de cada vez. Só agora eu comecei a ter vontade de conversar com amigos que ofereceram colo lá em Julho. Só agora eu tive vontade de me desafiar e sair sozinha por aí, sem rumo e lembrar que dou conta.
Nessa configuração de menos é mais, fiz 37 anos essa semana. E pela primeira vez na vida não teve festa, não teve bolo e não teve aglomeração de pessoas. Teve um almoço com as amigas mais próximas, jantar com o marido e mensagens de carinho nas redes sociais. Diferente? Sim, mas tá tudo diferente mesmo.
Parece louco, mas eu entendi uma coisa nesse processo. Só sabe mesmo o tamanho da dor quem já passou por ela. E essas pessoas vão entender quando eu digo que estou reaprendendo a viver. Tentando descobrir quem é a Natália sem a Vera, quem é a filha sem poder ligar pra mãe e dividir as novidades. Quem é a mulher que surge sem a sua linhagem em vida para orientá-la. E assim eu vou vivendo meus dias, tentando me encontrar e ser a pessoa que Ele gostaria que eu fosse, com a proteção dela lá de cima.
No primeiro movimento a meu favor, eu arrumei um trabalho. Começo semana que vem. Eu queria mesmo era voltar para onde eu estava, com quem eu conhecia, fazendo o que eu amava. Mas a verdade é que é uma ilusão, nem isso estará como eu deixei. Então estou abraçando um novo desafio. Em um lugar que as pessoas vão conhecer junto comigo essa nova Natália. Eu desejo que seja bom, e que seja leve. E que seja o que Ele quiser.
Obrigada por seu tempo e por este espaço, derramei muitas lágrimas escrevendo isso, mas me sinto um pouco mais curada. Fiquem bem!
Que lindeza Nati! É isso aí, conviver com essa saudade doida e tocar o barco do jeitinho que certamente ela vai se orgulhar! Estou por aqui para o que precisar e que seja do jeito que Ele quiser! Vai ser lindo!♥️
Oi Naty! Que bom ter arranjado um trabalho! De repente vai gostar igual ao anterior.
Sucesso!!!🙏🥰😘
Naty, que relato emocionante! Fico feliz que vc esteja compreendendo e se cuidando nessa fase. Boa sorte no novo emprego. Beijos!!
Eita…haja coração ❤️
Que essa nova fase seja leve e com novos motivos para sorrir e continuar seguindo sua jornada
Te amo!
Que texto mais lindo, impossível não se emocionar, eu já perdi a minha mãe e me vi muito nesse relato, realmente não somos a mesma pessoa de antes, mas eu te asseguro que a luz e o amor que vem de onde elas estão vão te sustentar daqui para frente! Seja feliz, continue vivendo intensamente e se ame mais a cada dia! Agora vocês se encontrarão nos sonhos! 😘😘