Espera, eu não demoro a voltar!

Tempo! O bem mais precioso que temos e que vive escorregando das nossas mãos. Somos engolidos por ele na rotina, desejamos que ele pare em alguns momentos e em outros, colocamos o joelho no chão e pedimos que passe o mais rápido possível.

Ainda falando sobre tempo, completei um ano morando na Inglaterra no último Fevereiro. Fiz um balanço dos momentos felizes e das lágrimas derramadas, das conquistas e dos perrengues e estou orgulhosa de mim.

Vida de imigrante é ainda mais intensa que uma vida de intercambista, a referência de casa vai se perdendo, você vive em outro CEP diariamente e a realidade vai lhe mostrando o que está ganhando e perdendo com sua escolha.

As relações a distância vão ficando mais rasas e manter as pessoas importantes demanda mais tempo e energia, e quando esses faltam e a via é de mão única, você começa a entender que não dá pra ter tudo, e tudo bem, isso não anula as memórias e momentos incríveis que dividiu com aquelas pessoas.

Na outra via relações se fortalecem, você encontra novos porto seguros para desabafar, errar, se amparar e dividir momentos bons. Sempre tive pavor de quem chama o marido de melhor amigo, mas a verdade é que o Aaron é meu porto seguro e tem um papel fundamental nesta minha adaptação. Entende o que eu digo e mais ainda o que eu não digo, e as vezes nem preciso colocar em palavras as minhas aflições.

A maior delas aconteceu recentemente. No mês passado, fui surpreendida com uma ligação e minha mãe passando por uma cirurgia de emergência. Estar do outro lado do oceano no momento que minha família mais precisava de mim; ficar “presa” na rotina, obrigações e no fuso horário para ter notícias, balançou meu eixo.

Enquanto isso, na minha vida britânica, eu passava por um processo de renovação de carteira de motorista. Depois de um ano preciso ter a carteira britânica e passar no teste teórico e prático. A teórica passei na segunda tentativa, e a prática ainda tá pendente, bombei no dia anterior a minha viagem para o Brasil.

Mas e você, como está?

Uma bagunça só! Pessoalmente comecei meu 2024 com planos de fazer uma cirurgia. 10 anos para tomar a decisão de confiar nos médicos novamente e operar minhas varizes, que deveriam ter sido solucionado há 10 anos atrás. Depois de muito stress com meu convênio, alterações que fugiam do meu controle, acabei marcando a cirurgia a distância, com um médico que conheci em uma consulta online, em um hospital que nunca tinha ouvido falar.

Como vocês podem ver, o último mês veio como um tsunami para me mostrar mais uma vez a minha falta de controle. Mas Ele sabe de tudo e eu cheguei aqui no momento que tinha que chegar e ocorreu tudo bem, do jeito que tinha que ser.

Do nada, Vienna!

Voltando umas casinhas, enquanto a burocracia desenrolava, vivendo sem controle de nada, surgiu uma viagem surpresa. Tinha três dias de folga seguidos, Aaron nos comprou uma viagem e descobri no aeroporto que estava indo pra Vienna. Achei o máximo, sem saber ao certo 06hrs da manhã, onde Vienna ficava no mapa mundi – HAHAHAHAHA – ou que língua eles falavam.

Fazia tempo que eu não ia para um lugar onde não conseguia me comunicar. Alemão é nível avançado, não consegui passar do “Bom Dia” e “Obrigada”. Tiro meu chapéu aos amigos que precisaram aprender.

Destino Surpresa – Vienna

Dado o start, já no avião, comecei a pesquisar todo o roteiro. Foram dias muito felizes de viajantes exploradores. Minha dica para o futuro, na próxima viagem surpresa pergunte o sapato que deve levar. Fui me guiar pelo tempo e a única bota do meu pé, pós 21km de caminhada, me rendeu uma senhora dor no pé.

Experimentamos os pratos típicos, palmas para o Strudel de Maça, delícia. Andamos e vimos uma cidade limpa, organizada e muitos prédios bonitos. Vienna tem a catedral mais gótica que vi até hoje, é a cidade de Mozart, de Freud e está tão pertinho de Budapeste, que deu vontade de voltar lá. Mas fica para a próxima.

Strudel de maça com creme

Também rolou um fim de semana conhecendo uma cidade próxima, chamada St Alban. O nome da cidade remete ao primeiro Santo da Inglaterra, que foi enterrado no local há 1.700 anos atrás. Passamos o dia andando na feirinha, tomamos uma Guinness em um pub construído em um antigo celeiro e ainda assistimos o ensaio de um coral dentro da igreja.

Estão conseguindo acompanhar? A cronologia deste post esta confusa, talvez um reflexo de como anda minha cabeça, peço desculpas por isso.

Falando do momento presente!

Acelerando o tempo e falando do agora, escrevo diretamente de São Paulo, cinco dias após minha cirurgia, no dia do aniversário do meu irmão, de molho fazendo o pós operatório no conforto da casa de meus pais.

A fé que não costuma faiá tá em dia. Toda noite vou dormir agradecendo pela oportunidade e acordo aproveitando cada segundo com eles, porque o tempo não está para brincadeira e 2024 se Deus quiser, ainda irá proporcionar muitos momentos de alegria.

Se cuidem! Um dia de cada vez e estamos todos bem!

4 comments on “Espera, eu não demoro a voltar!

  1. Oi Nati!! Que bom que está se adaptando. Graças a Deus as coisas estão se encaminhando. Sua cirurgia após 10 anos.E a Verinha melhorando. 🙏

  2. Naty, senti-me feliz em ler seu texto e saber um pouco de ti.
    Também me identifico com o que VC diz sobre o tempo e aquela vontade de nos agarrar de alguma forma as pessoas queridas do passado para que nunca saiam de perto, mas com o tempo…fica impossível e a maioria se vai mas a gente acaba conhecendo e fazendo novos laços, assim é a vida de imigrante.
    Feliz por VC! Que Deus abençoe sempre a sua vida. E

    Nat, fiquei muito feliz ao ler seu texto e conhecer um pouco mais sobre você. Também me identifico com o que você diz sobre o tempo e a vontade de segurar as pessoas queridas do passado para que nunca nos deixem, mas, com o tempo, isso se torna impossível e a maioria delas se vai. No entanto, acabamos conhecendo e criando novos laços, essa é a vida de um imigrante. Parabéns! Que Deus continue abençoando sua vida. Ele é bom o tempo todo! Beijinhos 😗

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