02 anos de Buena Onda – Acampando pela primeira vez
Texto originalmente escrito em 21/06/2019
Alguém segura o tempo aí que ele está voando e hoje comemoro dois anos de blog. Palmaaas!
02 anos que a minha paixão em escrever dicas para viajantes saiu do papel, que compartilho lugares que passei e mostro um pouco mais quem é essa pessoa que lhes escreve. Estreei a coluna Meus amigos te contam!, que queria tanto, com um post incrível sobre a Chapada dos Veadeiros – o meu próximo destino de férias – e vem mais novidade por aí! Tem uma parceria linda saindo do forno que muito em breve publicarei aqui.
Tive a curiosidade de ler o que havia escrito com um ano de Buena Onda e para minha surpresa eu estava em algum lugar na Inglaterra acampada com o meu namorado e vivendo uma experiência muito louca. Como esse ano ele não está aqui (ainda), eu resolvi matar as saudades dessa viagem e te contar Como foi acampar pela primeira vez na vida. Preparados?
Vamos começar esclarecendo que esse acampar tá longe de montar barraca no meio do nada (até porque eu não sei fazer isso), mas inclui todas as comodidades (leia-se perrengues) de escovar o dente sem uma pia, de esquentar água em um mini fogão portátil, de secar roupa na porta do carro e acordar e dormir com animais a sua volta (no caso cavalos selvagens).
Por onde começar?
A tampa da minha panela é um viajante mochileiro aventureiro montanhista muito louco rs. Aaron tem 35 anos completos e bem vividos em uma família fofa britânica, uma carreira no exército e um espírito aventureiro que ouvindo você tem vontade de jogar tudo pra cima e ir ser feliz. Não tinha pessoa melhor pra me sentir segura e motivada a acampar. Assim que ele voltou a Inglaterra, de Buenos Aires, onde nos conhecemos, seu primeiro projeto foi converter uma van de uma empresa de energia elétrica em um motorhome.
Motorhomes são veículos muito comuns na Europa. São confortáveis, espaçosos e populares. Você cruza facilmente famílias inteiras viajando em um fim de semana pelas estradas, estacionamentos com altura suficiente e donos de pubs legais que deixam você dormir nos fundos do local for free. (Sim, eu presenciei isso 2x).
Eu sou apaixonada por essa van que vi ser construída do zero. Da cama de casal projetada para os momentos que estou lá, da escolha do cooktop, dos quadrinhos na parede, do teto que foi refeito porque estava afundando rs. Fiz parte de tudo a distância acompanhando o progresso do Aaron. Estreia-la em uma roadtrip de uma semana então, foi muito foda.
Que comece a aventura!
Seguimos viagem sentido Sul a caminho de Durdle Door em um Junho ensolarado e temperatura amena. Depois daquela faxina para se sentir em casa, a minha única condição desta viagem era ter um banheiro confortável e limpinho para eu lavar meu cabelo, de resto, zero crise. Acampamos dentro da reserva onde se localizava nosso primeiro destino, Durdle Door, uma formação rochosa muito bonita dentro do mar. Esse lugar também é conhecido por ser a Costa Jurrásica em Dorset. Como não vimos nenhum fóssil de dinossauro, decidimos seguir para New Forest atrás dos nossos próprios dinossauros, quer dizer, cavalos.
New Forest inclui um dos maiores trechos restantes de pastagens não fechadas, terras baixas e floresta no sudeste da Inglaterra. Ali foi a situação para separar adultos de crianças, amadores de viajantes raiz hahahahaha. Cozinhei dentro da van e quase botei fogo em uma das paredes – na van recém-inaugurada -, improvisei uma mesa com a mala, tomei sol deitada em uma canga com esquilos ao redor e de noite, meu amigo, enquanto tomava meu vinho na paz de Deus, fomos rodeados de cavalos no breu.
-Ahh para que você estava com medo de cavalos!!
Vai lá você em um super breu, ouvindo barulhos ao seu redor, e você lembrando do tamanho daqueles animais que cruzou na estrada. Não sei o que tem na comida dos animais europeus, mas um cachorro parece um pônei para você ter uma ideia do tamanho do cavalinho. Eis que dei uma surtada de leve que não ia andando sozinha até o banheiro por nada, nessa hora já com dor de barriga, e o Aaron foi comigo nessa empreitada (meu herói). Na manhã seguinte ele quis ver o nascer do sol + em preferi ficar dormindo em segurança na van.
Cota de perrengue
A estrutura dos campings são de primeiro mundo. Chuveiro quentinho, secador de cabelo, naquele estilo vestiário de colégio moderno. Em alguns deles tem até pub como área de convivência para a galera. Para economizar na viagem e não pagar campings em todas as paradas tivemos nossa cota de ilegalidade dormindo clandestinamente em estacionamento de pubs.
O primeiro eu fiz o Aaron pedir para o dono do lugar se nós poderíamos ficar, em troca jantamos por lá. O segundo não tinha como pedir, era um lugar muito grande e movimentado, detalhe, na cidade do palácio da Rainha, em Windsor.
No nosso plano infalível, comemos e nos camuflamos na van (que na época não tinha cortina) até escurecer. Se acendesse a luz seríamos descobertos. Nessa época, escovar o dente pra mim, espumando pasta, era o maior desafio. Vida que segue. Eis que depois de dormir plenamente, acordamos com um carro entrando no estacionamento e nós lá com a porta da van aberta tomando um ar. Não suficiente esse motorista vem ao nosso encontro, se apresenta como dono do pub, dizendo que já que dormimos lá, se quiséssemos água potável, tinha uma torneira ali perto. Alowwww Brasil! Eu achei que seríamos convidados a nos retirar e ele nos ofereceu água. Alma bondosa, nunca me esquecerei.
De van também fomos turistas até Stonehenge, que eu tinha muita vontade de conhecer. O passeio foi tranquilo, demos sorte de assistir um ritual de adoração ao sol no centro das pedras. Na volta, van estacionada nos esperando para assistir uns minutinhos da vitória do Brasil na Copa do Mundo (antes de começar a perder loucamente). Também passamos na cidade onde foi criada a Alice de Alice no País das Maravilhas, Lyndhurst, e eu comi o melhor scone da vida. Sei que não vem ao caso, mas de tão bom que estava, ganhei do padeiro um extra para levar pra casa =P Happy days.
E 2019 continua a todo vapor…
Esse ano vivi uma nova experiência no motorhome, dessa vez muito mais preparada. A van, agora equipada com cortinas, calefação (inverno europeu né gente), carregador usb, uma maravilha. Eu, uma chef de primeira, cozinhando cada café e almoço de ninguém botar defeito, fazendo xixi no sanitário portátil sem crise e acampando sem banheiros quentinhos para lavar o cabelo. Pois é produção.
A aventura começou no Winter Overland Event, onde o Aaron foi convidado a palestrar sobre sua volta ao mundo de moto. Em uma comunidade de pioneiros aventureiros incríveis, lá estava eu, entre fogueira, barracas, motos e pints de cerveja para esquentar. Acordar com aquela névoa em um descampado com uma sensação de 05 graus, te juro, queria ficar na cama rs
Pés aquecidos e várias camadas de roupa, foi um fim de semana muito gostoso e confortável. De lá seguimos viagem para Wales, destino surpresa das férias, entre muitas montanhas e paisagens de chorar de felicidade. Imagina você ali, dormindo em um estacionamento aberto, um tanto alagado e deserto, você, a van, Deus e aquele céu estrelado. Dia seguinte, acordando com um raio de sol no rosto e quando abre a cortina dá de cara com um lago, uma montanha, cisnes e aquele verde! Não, não é um sonho… Compartilhei essa imagem em tempo real com amigos e eles ficaram chocados com tanta plenitude.
Para uma jovem urbana, da cidade de São Paulo, aquela paz deveria ser item obrigatório do seu bucket list, bem no estilo, o que eu deveria experimentar 1x antes de partir para o plano espiritual. A sensação foi tão boa que me tirou um sorriso aqui só de escreve-la.
Como citei lá no começo o próximo destino é a Chapada e cara, como eu queria ter uma van lá. Como não será possível, ficaremos em uma pousadinha rústica mesmo para aguentar os muitos kms de caminhada para as cachoeiras. Próxima vez que eu voltar aqui com certeza terão novidades quentes do destino desse blog que faço com tanto carinho. E a vocês leitores, obrigada por celebrar mais este ano comigo =)