Buena Onda

Texto originalmente escrito em: 25/06/2017

Acho que nada mais válido que começar contando um pouco da minha “vida porteña” e o porquê de Buenos Aires.

Bom, eu já estava morando no Brasil nos últimos 4 anos (2012 – 2016), com um trabalho sólido na minha área de hotelaria, até que a crise chegou e fui mandada embora no final de 2016, passando os 03 primeiros meses de 2017 buscando alguma oportunidade legal.

Entre as entrevistas que fazia, me dei conta de que não adiantava continuar procurando, se o que eu queria mesmo era me jogar em um outro intercâmbio (ainda escreverei sobre meus 2 anos de Irlanda)! Aquela sensação boa de fazer a mala e ir ao encontro do desconhecido já me chamava há algum tempo, então resolvi ouvi-la. 

E por onde começar?

Comecei buscando opções de curso na área de Hotelaria e o primeiro destino era o Canadá. A ideia era ótima! Faria um curso super conceituado na área, com a possibilidade de trabalhar em hotéis de redes grandes, mas o investimento também era alto demais, então eu decidi aprofundar meu conhecimento em outra língua, no caso, o espanhol, no qual eu já era formada, por uma escola particular no Brasil.

Então eu cheguei em Buenos Aires e me dei conta de que eu não sabia era nada! Hahahahaha. Comecei no nível Pré Intermediário, para deixar qualquer orgulho de lado, e dá-lhe classes de espanhol! Agora estou na reta final do curso, terminando no nível Intermediário II, que é só um nível antes do avançado, e vou te falar: agora eu posso dizer que sei falar espanhol; o que eu sabia antes era um portunhol melhorado! Kkkkkk.

Estou na cidade de Buenos Aires faz dois meses e meio e me sinto super adaptada. Moro no Bairro de San Telmo, que foi onde a escola encontrou a primeira casa para eu morar. Explico: eu paguei por um mês de acomodação em uma casa de um argentino (normalmente são pessoas que se cadastram na escola para receber estrangeiros). Assim que acabou meu primeiro mês nesta residência, decidi por continuar no bairro, que é super charmoso, seguro e turístico! Está perto do metrô, dos restaurantes e bares descolados, dos pontos turísticos, além de eu encontrar tudo que preciso nos arredores.

San Telmo

Se você ficou curioso sobre San Telmo, senta que lá vem um pouco de história do bairro que conserva grande parte de seu patrimônio arquitetônico. O bairro foi residência da classe mais rica até a epidemia da febre amarela de 1871 que ocasionou a saída das famílias, sendo substituídas pelos imigrantes recém-chegados que tomaram posse das mansões, transformando-as em pensões.

Pensou em tango, pensou em San Telmo. Neste bairro estão os principais clubes e milongas para se assistir a uma apresentação.  Aí você está pensando, que raios é uma milonga! Te conto, são as casas onde as pessoas vão exclusivamente para dançar tango.

O tango na verdade se tornou um comércio por aqui, o pouco que vi nestes 3 meses me diz que o porteño (argentino nascido na capital de Buenos Aires) gosta mesmo é de reggaetown e salsa hahahaha. Na minha humilde opinião, eles deixaram o tango e a tradição que os acompanham para encantar os turistas… E posso falar¿ É lindo! Surreal o que aquelas mulheres fazem com as pernas enquanto dançam em saltos finos no meio das ruas esburacadas do bairro.

Top 4 de San Telmo que você não pode perder (dá pra conhecer tudo em um dia só):

Mercado San Telmo – Foi inaugurado em 1897 para suprir as necessidades básicas dos imigrantes que chegavam a cidade. Conserva até hoje sua estrutura original. No ano de 2000, foi declarado Monumento Histórico Nacional pela Secretária de Cultura do Governo de Buenos Aires.

Plaza Dorrego – A mais antiga da cidade depois da Plaza de Mayo. É onde acontece todo domingo a feira de antiguidades mais importante da cidade, a feira de San Telmo. Os casarões do século XIX que estão ao redor da praça hoje são restaurantes e lojas de antiguidades. É considerada um lugar histórico, pois em 1916 ali se anunciou ‘a população a Independência de Buenos Aires.

Feira San Telmo – Pesquisando o que lhes contar da feira, achei uma história superinteressante.

Em 1970, o diretor do museu da cidade buscava revitalizar o bairro, para isso organizou com os vizinhos uma feira para vender coisas velhas, no melhor estilo brechó. Deu tão certo que um ano depois já haviam 200 expositores.

Em uma das aulas na escola de espanhol, nos contaram que a feira recebe quase 20 mil pessoas por dia, em sua maior parte turistas. Para ser um expositor tem que seguir uma série de requisitos e a cada 3 meses rola um rodízio de lugares para que ninguém seja prejudicado.

Dica de quem mora no bairro, no final da feira, lá pelas 19h30 na Plaza Dorrego os expositores se reúnem para celebrar mais um domingo e sempre rola música, tango e festa, tudo de graça, ao ar livre.

Mafalda – A personagem foi criada em 1964 por Quino, cartunista argentino e se tornou conhecida por se rebelar contra o mundo deixado pelos adultos. A estátua está na esquina da Calle Defensa com a Calle Chile, super fácil de encontrar, devido a fila que se forma pra tirar uma foto com ela sentada no banco.

E pra terminar arrasando, contra a minha vergonha de filmar minha beauty face, fiz um vídeo caminhando e mostrando um pouco do bairro, só clicar abaixo.